Livros de poesia com desconto

Livros de poesia com desconto

Passe pela Ler Devagar, na Lx-Factory, e aproveite a campanha especial de livros de poesia.

Descontos de 10% a 30%. 

Numa das mesas temáticas pode encontrar Pessoa, Eugénio de Andrade, Almada Negreiros, Lhansol, Ruy Belo, Gastão Cruz, Manuel António Pina e Rui Costa. As mais recentes edições de Adília Lopes, Daniel Faria e José Tolentino Mendonça marcam também presença entre os poetas mais consagrados, assim como as vozes de Tagore, Masaoka Shiki, Yosa Buson e Matsuo Bashô.

Venha à Ler Devagar, sente-se e leia um livro – não cobramos o tempo.

 

Relembramos o nosso horário: todos dos dias da semana até às 22h, de quinta-feira a sábado até às 24h.

Lisboa: Por Uma Cidade Viva e Acessível

Lisboa: Por Uma Cidade Viva e Acessível

Desenho Urbano para Todos

A terceira sessão do ciclo de conversas “Lisboa: Por Uma Cidade Viva e Acessível”, será acerca de Desenho Urbano para Todos, priorizando a bicicleta, a par com o modo pedonal e os transportes públicos. A sessão contará com a participação de Sandra Nascimento da APSI – Associação Para a Promoção da Segurança Infantil, Joana Pestana Lages das Mulheres na Arquitectura, Carlos Moura da Quercus e será moderada por Rita Castel Branco pela MUBi.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

// Rês-do-chão // Entrada Livre

A Paixão do Luto. Acto II de: como os deuses vivi

A Paixão do Luto. Acto II de: como os deuses vivi

15,00€

248 páginas

Autor

Ramiro S. Osório

“Quando li A Paixão do Luto, vi que era um livro que não faz segredo do seu segredo, que não faz intriga com a sua intriga. Ele revela logo [na sua 3ª página de texto) que é a história de uma decisão essencial. A decisão que um homem toma quando realiza que não vai ter tempo para realizar tudo: Desfazer-se do que não é fundamental para a sua missão.
— Mas estamos todos parvos ou quê?! Não me digas que percebeste qual é a missão do gajo!”

Encomendas

livraria@lerdevagar.com

como os deuses vivi

como os deuses vivi

12,00€

Autor

Ramiro S. Osório

"Sinopse"

Poderá afirmar-se que os amantes de literatura se estão nas tintas para as sinopses?

Poderá afirmar-se que a literatura é precisamente aquilo que não se pode sinopsar?

Aliás, as respostas a essas duas perguntas não interessam para nada. Leiam, mas é.

“Take a walk in the wild side”, lendo este livro inacabado há mais de 40 anos.

 

“Como os deuses vivi, e mais não desejo” - Hölderlin

 

Encomendas

livraria@lerdevagar.com

As 1001 Crónicas

As 1001 Crónicas

12,00€

Autor

Susana Ruth Vasques

Sinopse

Crónicas da jornalista Ruth Vasques publicadas em revistas, jornais e blogues durante meio século: Jornal do Fundão, Diário de Lisboa, Diário de Notícias, Modas & Bordados, Mulheres, dirigido por Maria Teresa Horta.

 

As crónicas abordam sobretudo questões sociais, direitos das crianças e das mulheres, também páginas íntimas e diários.

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livraria@lerdevagar.com

ABC da Música

ABC da Música

12€

Autores

Francisca Valador, Inês Esteves, Inês Machado e Tiago Guerreiro

 

Sinopse

ABC da Música é uma publicação dedicada à vida e obra de alguns nomes da Música. Desde os ABBA a Hans Zimmer, retratamos capas de álbuns, videoclips, cantores, bandas ou compositores conhecidos, e recordamos ainda alguns dos factos mais irrelevantes da vida destes protagonistas da cena musical.

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livraria@lerdevagar.com

Óbidos Vila Literária – um dos melhores capítulos da Ler Devagar

Óbidos Vila Literária – um dos melhores capítulos da Ler Devagar

A ideia da Óbidos Vila Literária (OVL) surgiu da livraria Ler Devagar, pela mão de José Pinho, depois de ter sido desafiado a criar diversos locais culturais espalhados pela vila de Óbidos, em edifícios que estavam em ruínas e completamente abandonados. A ousadia valeu-lhe em 2015 a classificação atribuída pela UNESCO de Cidade Criativa da Literatura em Portugal.

Por Maria Castanheira e Tomás Lopes

Ser uma vila com apenas dez mil habitantes não impediu Óbidos de ser a primeira Cidade Criativa da Literatura em Portugal. Com 11 espaços literários, que vão desde livrarias a museus, galerias, hotéis e restaurantes, é um exemplo de como a cultura pode desenvolver economicamente um território.

“A estratégia OVL é o resultado de um processo que iniciou muito antes”, explica Paula Ganhão, responsável da Câmara Municipal de Óbidos pela implementação do projeto, acrescentando que, quando tudo começou, o título de Cidade Criativa da Literatura não estava no horizonte. “Primeiro começámos com a organização de eventos temáticos, em 2002, como forma de atrair visitantes a Óbidos em períodos de época baixa.” Anos mais tarde, em 2012, Óbidos lançou a maior livraria portuguesa dentro de uma igreja e iniciou-se uma estratégia de atração turística com uma nova configuração entre espaços e atividades.

 “O grande problema que sentíamos era que tínhamos muitos excursionistas – vinham, ficavam 45 minutos e iam embora. Precisávamos de atrair turistas que permanecessem mais de 24 horas, ficassem nos nossos hotéis e consumissem os nossos bens”, continua.

Partindo do que já vira no País de Gales, em Hay-on-Wye, José Pinho, um dos fundadores da Ler Devagar e seu administrador, sugeriu fazer de 11 lugares abandonados locais literários e criar uma “cidade do livro”. O sonho não ficou por aí. Seguindo o seu instinto, propôs aliar a abertura das livrarias à realização de festivais literários, inspirando-se no festival brasileiro FLIP – Festa Literária Internacional de Paraty.

“A probabilidade de levarmos pessoas às livrarias seria maior se todos os meses tivéssemos algo a acontecer em Óbidos”, afirma José. O município é já conhecido por comemorações como o Festival de Chocolate, o Mercado Medieval, a Vila Natal e a Semana Santa que atraem centenas de milhares de turistas. “Nos meses em que não houvesse eventos, fazíamos um festival literário”, explica, de modo a manter uma procura turística constante.

Atualmente, são dois os grandes eventos organizados todos os anos no âmbito da Óbidos Vila Literária: o FOLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos, e o Latitudes – Literatura e Viajantes. Porém, o objetivo é criar mais eventos literários ao longo do ano, de menor dimensão, segundo Paula Ganhão.

A iniciativa permitiu elevar a vila “a um nível e a um posicionamento cultural absolutamente ímpar, que nenhum outro evento e nenhuma outra estratégia desenvolvida em Óbidos na área da cultura conseguiu”, avança. O sucesso foi tal que, detalha a responsável, passou a ser a base de toda a estratégia da vila para as vertentes cultural e turística.

Paula Ganhão garante ainda que este tipo de eventos atrai a Óbidos um outro perfil de turista, de um segmento diferente do perfil de visitante de eventos como o Festival do Chocolate ou a Vila Natal, mais massificados. Na sua perspetiva, o turista “literário” vem das grandes cidades, “tem formação académica superior e é de uma classe social média-alta, o que em termos de consumo é muito bom”.

No entanto, a responsável nota que começa a existir a ideia de que o projeto é programado para uma certa elite e, nesse sentido, aponta que “ultrapassar essa ideia” é “um outro desafio”. Para combater esta conceção, a organização promove o envolvimento dos munícipes no projeto através, por exemplo, da implementação de cursos de formação com o objetivo de exponenciar a sensibilidade cultural nos residentes.

O financiamento é um dos desafios que têm pautado o trajeto da iniciativa. O fundador da Ler Devagar fala de um “processo lento” e remata: “inicialmente, dizem-te não, depois talvez e, no final, vamos lá nessa! Quando começam a ver que funciona, acreditam mais no projeto. Alguns vaticinaram, no começo, que só chegávamos ao terceiro ano”.

O futuro da Vila Literária de Óbidos

Sobre a relação da Ler Devagar com o projeto em Óbidos, José Pinho considera que a livraria tem sido o motor; no entanto, para o fundador, está na altura de deixar de o ser: “ao contrário de muita gente, eu acho que nós já cumprimos a nossa parte, por isso, era bom que houvesse outras pessoas para continuar o projeto”.

Inicialmente circunscrito à esfera dos espaços públicos, à responsabilidade do município, o sonho cresceu e foi acolhido pelas primeiras entidades do setor privado que se juntaram à iniciativa, permitindo alargar a vila literária. “Outras empresas privadas começaram a abraçar esta estratégia e também abriram negócios utilizando o livro como meio de promoção”, concretiza Paula, dando como exemplo o The Literary Man – Óbidos Hotel, cujas paredes, logo desde a entrada, estão literalmente forradas a livros.

Para José Pinho, a entrada de privados no projeto é fundamental para o imunizar à volatilidade dos ciclos políticos, fazendo com que a iniciativa continue, mesmo que, “de um dia para o outro”, a política autárquica deixe cair o projeto da estratégia turística e cultural.

Paula Ganhão aponta um caminho semelhante, identificando que o “próximo grande passo” consiste em ter “entidades privadas a programarem para a área da literatura”. E conclui: “alimentar esta estratégia e torná-la independente da Câmara Municipal é o nosso desafio”.

Danuta Wojciechowska: ler livros com ilustração é “tomar um banho de arte e literatura”

Danuta Wojciechowska: ler livros com ilustração é “tomar um banho de arte e literatura”

Danuta Wojciechowska nasceu no Canadá, licenciou-se em Design de Comunicação em Zurique e tirou uma pós-graduação em Educação pela Arte em Inglaterra. Combinando a literatura e a arte, fixou-se em Portugal, fundou o atelier Lupa Design e concretizou o sonho de ilustrar livros infantis. Em 2013, recebeu o Prémio Nacional de Ilustração e um ano depois foi-lhe atribuída a distinção “Mulheres Criadoras da Cultura”. A Ler Devagar foi essencial para a artista dar o primeiro salto.

Por Bebiana Martins

Sala do Atelier Lupa Design. Danuta Wojciechowska ilustrou mais de 60 livros, jogos e manuais escolares.

No atelier, rodeada pelas suas ilustrações coloridas e experiências plásticas, Danuta falou com entusiasmo das imagens que lhe preencheram a vida, mostrando que podem ter uma dimensão mais profunda do que se possa pensar à primeira vista.

O que a fez vir para Portugal e fundar cá o atelier?

O meu marido é português. Já o tinha conhecido quando tinha estado cá de férias. Ele, entretanto, foi viver para a Suíça e estudou no Instituto Jung. Pensámos que o projeto para vir para Portugal era fazermos um curso em educação pela arte, que fizemos em Inglaterra, com uma perspetiva de fundar uma escola em Portugal. Depois chegámos cá e foi tudo muito difícil. Mas não perdi esse sonho de ligar a arte à educação e encontrei nos livros um veículo que se infiltrou muito bem nas escolas. É uma maneira de uma pessoa com a vertente das artes entrar nesse meio, onde não há forçosamente uma porta aberta. Mas, para os livros, as pessoas abrem a porta. Por outro lado, o que também me fez vir para cá foi o facto de haver muito espaço para desenvolver este tipo de trabalho, a educação e a arte ligada ao ensino. Havia pessoas com quem já trabalhávamos à distância que tinham vontade disso. Acho que foi um bocadinho a vontade das pessoas que me puxou para cá. E que me puxa para as escolas.

Foi essa a primeira vez que pensou em ilustrar livros infantis? Ou já tinha esse interesse?

Era um sonho antigo, mas pensava que não seria possível de concretizar porque seria preciso ter o trabalho conhecido e ter o investimento das editoras. E eu também não sou de cá, por isso pensei que isso podia ser algum tipo de impedimento.

E como caracteriza a sua pintura e as suas ilustrações? Consegue explicar o seu processo criativo?

A primeira coisa que me motiva é uma ideia, é uma necessidade, é algo que sinto que faz falta, uma vontade interior de corresponder. Uma vez que tenho a motivação, encontro as cores. São as emoções transmitidas em luz. Por isso, a cor é a minha ferramenta principal. Não sou uma pessoa tão ligada ao traço, à linha. A composição é o meu elemento fundamental. O meu desenho destina-se a encontrar energias, forças e elementos. Através das cores, enquanto ilustradora, posso transmitir uma experiência muito profunda, que não passa forçosamente pelo intelecto, mas sim pela emoção. Faz parte de uma experiência muito profunda e arcaica em nós. Por isso é que gosto muito de trabalhar com a cor e também com alguma difusão na ilustração. As transições de cores abrem espaço para a imaginação, em contraste com as linguagens que muitas vezes se usam hoje em dia, que são todas formadas e acabadas. Nestas ilustrações eu procuro comunicar com a cor, dar também espaço para o leitor se perder nessa indefinição. É um espaço para brincar ou para se projetar lá para dentro.

Esboço e ilustração final do livro O Beijo da Palavrinha

Já colaborou com vários escritores, certamente todos muito diferentes entre si. Como é que se adapta a cada um e a cada história, nas suas ilustrações?

Os escritores com quem eu mais gosto de trabalhar dão-me bastante liberdade. Gosto também de mostrar o work in progress, para saber se estou a refletir bem aquilo que me mandam. A ilustração não é igual ao texto, mas tem que estar ligada a uma ideia, a uma intenção, que é o fio condutor da obra. Gosto dos escritores que me dão essa liberdade. Nos últimos tempos, com a autoria que tenho deste livro [Água Doce, Fluir com o Rio], tenho trabalhado em colaboração. São trabalhos de equipa e isso é uma coisa que me estimula muito, além de fortalecer o resultado final.

Falou há pouco das apresentações nas escolas. Em que é que consistem? E por que razão as faz com tanta regularidade?

As sessões com as escolas são muito diferentes. Estou um bocadinho a conversar com os professores, para saber o que é que eles querem. Por vezes também converso com os alunos, mostro o livro para perceber a forma como o veem. Para mim, a melhor maneira de compreender o modo como interiorizaram o livro é ver como é que eles reagem plasticamente, graficamente ou por escrito. Quando começam a interagir com o livro, a atividade ganha mais raízes e isso ser trabalhado pelos professores, no sentido de descobrir as várias vertentes do livro. É algo de que gosto muito nas artes, a liberdade de expressão, e sobretudo de dar essa ideia às crianças. Elas estão por vezes muito formatadas na escola e precisam do seu espaço de criatividade. Por outro lado, há crianças que podem ter outras capacidades além do estritamente racional. O trabalho de arte e expressão nas escolas é por isso muito inclusivo.

Na sua opinião, as ilustrações têm um papel tão importante como a escrita, nos livros infantis?

Sim. Hoje comunicamos cada vez mais visualmente, porque a tecnologia nos permite isso. Há uns anos atrás não era tão habitual. No livro ilustrado, cada ilustrador tem a possibilidade de desenvolver num espaço privilegiado uma pequena obra de arte com algo da sua linguagem. Tento acompanhar a escrita, mas às vezes faço umas pequenas coisas contraditórias na ilustração, só para provocar o pensamento crítico e assim estimular a criatividade da criança. A imagem e o texto são duas linguagens diferentes, mas no livro ilustrado existem ao mesmo tempo. Na maior parte da comunicação, hoje em dia, também privilegiamos essa complementaridade.

À medida que as crianças vão crescendo, os livros vão tendo cada vez mais texto e menos ilustrações. Acha que as ilustrações deixam de fazer sentido, ou deixam de ser tão importantes nas idades mais avançadas?

Não sei. Mas tive uma experiência curiosa, há pouco tempo, quando estávamos a lançar o livro A Água e a Águia. Fiz uma pequena tournée em Portugal com o Mia Couto. Foi uma experiência extraordinária. Num dos sítios, onde estariam 400 pessoas ou mais, foi fantástico perceber que muitos dos leitores das minhas ilustrações e dos livros adoravam ler as imagens e as ilustrações. Teria tendência para pensar: “as crianças a partir de uma certa idade não querem imagens”; ou “os adultos não precisam de imagens”. Mas naquele caso, como é um livro para todas as idades, fiquei surpreendida com o número de leitores adultos de livros ilustrados. No entanto, muitas crianças na escola, quando começam a crescer, têm o hábito de não continuar a cultivar a leitura das imagens. Ou quando um livro tem imagens põe-se na prateleira das crianças. Acho que há aqui com um preconceito muito grande, de que um livro ilustrado se destina a uma determinada idade e que as crianças mais velhas já não precisam da imagem. 

E acha que a imagem faz sentido em todas as idades?

Não são todas as imagens. Mas há muitas imagens podem ser para todas as idades. Eu gosto de ler texto, mas gosto imenso de ler livros com ilustração. É tomar um banho de arte e literatura. A cor tem por isso uma dimensão de sonho e de poesia.

Comemoração dos 20 anos da Ler Devagar: Danuta recorda a importância da livraria para a sua carreira
“A Ler Devagar foi fundamental para mim. Tinha acabado de ilustrar O Gato e o Escuro e tinha também um jogo de cartas que estimula as crianças a contar histórias. Estava a sair da área da comunicação pedagógica e a começar a ir para a ilustração de livros, no ramo editorial. Estava num momento de transição e estava a tentar fazer promoção do meu trabalho. Nessa altura [em 2003/2004] , a Ler Devagar ainda era na rua de São Boaventura, no Bairro Alto, e tinha um espaço muito simpático. Algumas pessoas que a conheciam disseram para eu lhes tentar mandar [o meu trabalho], porque eles tinham uma programação regular, uma coisa diferente todos os dias e todas as noites. Marquei uma reunião com o José Pinho [administrador da Ler Devagar] e ele mostrou-se muito recetivo. Fiz lá uma exposição, com cerca de 50 originais, com apresentação feita pela Ana Paula Guimarães e pelo Daniel Sampaio. Aquilo atraiu imensas pessoas, acho que foi uma espécie de nascimento para mim. Nessa nova vertente do meu trabalho, a Ler Devagar foi fundamental para o meu início de carreira.”

Nota: As imagens foram captadas aquando da entrevista e a sua utilização foi autorizada pela entrevistada.